Lembro os teus olhos e o céu, cata-vento e papel, passa tempo e anel E, ao teu olhar, eu, invencível herói Voava além que o fio do carretel poderia alcançar Mas tempo é poeira e leva toda brincadeira embora O que o amor transfere, minha saudade afere Vida é o resumo do riso, do pranto, da dor e o encanto Vai te marcar a pele, vai te calar a voz
Lembro teus segredos banais, das paixões vendavais, desejos abissais E o meu olhar foi te vendo voar E eu vi descarrilar linha de um carretel que eu tentei segurar Pois tempo torna verdadeira essa estrada e a memória chora Sempre que a paz adere é teu olhar que insere Leva em tuas asas o riso esquecido onde a luz te espera Antes de ir pondere, pra desatar os nós
Hoje, vejo foi tão veloz, corpo, timbre e voz, foi riacho, hoje é foz Mas não fez nós nessa linha entre nós O fim do fio sei, jamais existiu, sempre pude soltar Pois tempo rejeita a colheita que tarda e respeita a hora Se algo falta ou fere o coração transfere Leva teu brilho de filho na linha dos velhos trilhos Vai quanto mais humano, vai sempre mais veloz
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