Seu Braz tem setenta anos, vinte tem seu novo amor Desde a sua mocidade um grande conquistador Hoje é só mais um tiozinho, um coroa, um vovô É assim que ele se sente depois que ele se casou (com a neta do Claudionor)
Menina nova que não quer saber de nada Alega ter a vida toda pela frente Dorme o dia todo, acorda a noite renovada Pra se requebrar no baile funk toda madrugada (ela é a zica da balada)
Seu Braz sai do trabalho E traz sempre pra ela um presentinho Chega prepara a janta enquanto a nega se ajeita De minissaia, mini-blusa e tamanquinho Fica de um jeito que nem um cristão rejeita E ela sai sempre, ou quase sempre de mansinho Deixando o pobre seu Braz na mesa jantando sozinho (chamem ele de coroa, de vovô ou de tiozinho)
Liga a TV só para ver se o tempo voa O seu refúgio os prive da madrugada Até se esquece por instantes da patroa Que só regressa quando surge a alvorada Descalça e descabelada numa boa Ele de cara amarrada e ela sorrindo a toa (chamam ele de tiozinho, de vovô ou de coroa)
Dia de folga seu Braz a todo vapor Implora pra que a nega atenda seus apelos É caracu com o ovo no liquidificador Na intenção de fazer barba e cabelo Mas seu Braz não tem o mundo Conspirando a seu favor
Se não está naqueles dias Sua nega está com dor Faz seis meses que seu Braz Não troca o óleo do motor
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