Apresentação foi realizada na Casa da Cultura e contou com um bom público presente.
“Oe” é um solo com dramaturgia inédita inspirada na obra do escritor japonês Kenzaburo Oe, é um dos mais populares romancistas do mundo, ganhando o prêmio Nobel de Literatura de 1994, especialmente no livro “Jovens de um novo tempo, despertai!”. O espetáculo, porém, não dramatiza a ficção do autor nipônico. Encontra nela impulso para a abertura de imaginários. A peça é estrelada pelo ator Eduardo Okamoto.
A realização de um projeto urgente e impossível – um manual de definições do mundo, da vida e da morte – não é lido como o empreendimento pedagógico de um pai. Anuncia o processo em que cada um confere sentido às vivências. A tarefa enciclopédica de uma única pessoa esconde um enigma aberto a todos: o pai ensina o filho, mas é também um outro filho clamando explicações a um pai perdido.
Assim, a narrativa parte de circunstâncias singulares (um indivíduo e seu filho deficiente), mas não se encerra em particularidades. A expressão da singularidade de um ser humano relaciona-se a enfrentamentos coletivos. Ou, dizendo de um outro modo, a delimitação da vida de um homem também esbarra nos limites do humano. Ou ainda: uma imagem do mundo revela também os nossos limites para sonhá-lo de outras maneiras.