A temática das violências e dos acidentes entrou na agenda do setor saúde como um grave problema social e de saúde pública no Brasil e no mundo. Em 2002, a Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmou: “em todo o mundo a violência vem se afirmando como um dos mais graves problemas sociais e de saúde pública”.
Portanto, enquanto problema de saúde pública, as violências e os acidentes expressam-se através de sua magnitude e gravidade com alto impacto sobre o adoecimento e morte da população. Isso repercute na mortalidade precoce de adolescentes, jovens e adultos, e, consequentemente, na diminuição da expectativa e qualidade de vida.
Este fenômeno, que possui causas múltiplas, complexas e correlacionadas com determinantes sociais e econômicos, como: desemprego, baixa escolaridade, concentração de renda, exclusão social, dentre outros, também possui aspectos relacionados aos comportamentos e cultura, como o machismo, racismo e homofobia.
Por fim, destaca-se que: assim como a violência urbana reafirma a violência doméstica, a violência doméstica também reafirma a violência urbana, numa dinâmica complexa, multicausal e que tem nos modos de vida seus determinantes e condicionantes.
A violência é uma questão social que se transforma em problema para a saúde, porque afeta a saúde individual e coletiva e exige, para a sua prevenção e tratamento, formulação de políticas específicas e organização de práticas e de serviços peculiares ao setor. Ela se torna um tema desse campo: 1) pelo impacto que provoca na qualidade de vida das pessoas; pelas lesões físicas, psíquicas, espirituais e morais que acarreta; e pela exigência de atenção de cuidados dos serviços médicos e hospitalares; 2) porque faz parte das preocupações quando se trabalha o conceito ampliado de saúde.
Uma das estratégias para minimizar este problema se faz por meio de campanhas de sensibilização e mobilização da sociedade sobre o impacto da violência na saúde com ênfase nos fatores de risco e proteção.
A importância da notificação de violência deve ser compreendida como um instrumento de garantia de direitos e de proteção social de crianças, adolescentes, adultos e idosos, permitindo aos profissionais de saúde, de educação, da assistência social, assim como os conselhos tutelares e a justiça adotarem medidas imediatas para cessar a violência. Aqui em Pereira Barreto existe o sistema de notificação nas Unidades Básicas de Saúde aonde toda e qualquer pessoa que vier sofrer violência pode procurar o profissional de saúde.
Todas as pessoas nascem com potencial para amar e para ser agressivo. É preciso expandir o primeiro para nutrir a capacidade de amar e de ser solidário. A energia da agressividade é necessária para lutar pelos próprios direitos, indignar-se com as injustiças e ter persistência para atingir as metas, ou seja, ser usada de forma construtiva em prol de causas nobres. No entanto, quando inadequadamente canalizada, a agressividade se transforma em ódio e violência e, portanto, torna-se destrutiva.
A escola, agência formadora privilegiada pela humanidade para formar mentes, corpos e sensibilidades das pessoas, para uma vida mais justa, fraterna e cidadã, é um dos espaços sociais mais apropriados de formação integral dos indivíduos por meio da construção e cultivo de valores, saberes e atitudes propícias que tange à reforçar o respeito à dignidade individual e coletiva das pessoas, à luz dos Direitos Humanos e de Cidadania.
Assim, a complexidade do fenômeno em questão nos remete a pensar práticas educativas como ferramenta de ataque e combate a toda forma de violência, encontrar meios de vencê-la, enquanto fenômeno de natureza social e cultural, pois não podemos jamais pensar que a melhor saída ou ferramenta de luta contra a violência seja aprender a conviver com ela.
Em nosso município existe um trabalho desenvolvido com crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental conhecido como programa de Educação para paz que tem como objetivo sensibilizar, mobilizar e conscientizar a comunidade escolar de buscarmos uma Cultura de Paz permanente, que deve ser promovida todos os dias no ambiente escolar e nas nossas relações interpessoais onde os professores falam sobre como lidar com a diferença, ensinam o que é violência e suas consequências, a questão do bullying, dentre outras ações para o estimulo a cultura de paz.
Fundamentado em valores como tolerância, respeito e solidariedade que devem ser estimulados entre as crianças através do diálogo, utiliza estratégias psicopedagógicas e sócioeducacionais que visam à intervenção e prevenção da violência escolar.
O trabalho de prevenção dever ter como sujeitos crianças/adolescentes, pais, educadores e demais membros da comunidade, para que seja uma ação eficaz, sendo as instituições educacionais, espaços privilegiados para tal. Educar para a solidariedade e para a construção de uma cultura de paz, romper preconceitos no cotidiano, dar atenção à primeira infância são hoje nossos grandes desafios.