Eu não sou uma qualquer
nem tampouco princesa
sou fúria sou brisa
vigor e leveza
hoje destemperada, amanhã sou perdão
Nem bela nem recatada
nem bruxa nem santa
sou da pá virada
sou uma, sou tantas
a pele da flor, borboleta e vulcão
Diante do fogo eu não me amedronto
não quero confronto mas não peço arrego
se é pra ter luta eu não vim pra brincar
Quem hoje me vê chorando
tampouco suspeita
que no outro dia eu acordo refeita
nascida do vento e da força de Oyá
Sou mulher eu sou aldeia
sou corpo cortejo sou concentração sou teia
Sou terreiro sou quilombo
sou bloco sou trupe sou multidão sou bando
Não, eu não sou fim de noite
sou a nova estrofe
e sei de cantigas que espantam a morte
sou a carne viva, a que veio pra amar
Quem ousa me decifrar
perde num labirinto
a resposta que tenta aclarar meu instinto
eu sou a pergunta, eu não vim pra explicar
19º Festival de MPB de Pereira Barreto
12, 13 e14 de maio de 2022, às 20h,
Praça da Bandeira Comendador Jorge Tanaka
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