Canta a dor da gente que não pode cantar Feito sabiá nas copas das laranjeiras Canta as penas desse mundo, as dores e as quimeras Do louco, do santo e os cantos de brincadeira Um pouco do canto das lavadeiras Que derramam suas mágoas que correm dos olhos N’agua das cachoeiras e soltam seus cantos Nas águas, nas corredeiras. nos ventos, nos campos, Nas cordilheiras, cantador canta a dor da gente que não pode cantar Canta a dor de tantos filhos da desgraça Quanta fome, quanta raça, tantos meninos na praça Tanto frio, cortando a noite e a bala perdida que passa Enquanto homem de gravata no palanque faz promessa Que em janeiro vai passar e o homem disfarça a mentira no olhar. E o homem trapaça e o canto tem que voar Cantador, canta a dor da gente que não pode cantar E quando não puderes mais bradar, segreda teus anseios ao cantador, Que ele fará da dele a tua dor e a dor de todos nós. E cantará aos quatro ventos, fazendo da dele a nossa voz e então, Todos verão a força que tem o cantar Canta a dor de tantos Filhos da desgraça… E o homem trapaça E o canto tem que voar |
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