Caio Vinicius tem trabalhos expostos na Casa da Cultura e atualmente cursa Arquitetura
A Prefeitura da Estância Turística de Pereira Barreto disponibiliza para toda a população o Curso de Desenho Realista. Dentre os alunos da turma do ano passado estava Caio Vinicius da Cruz Pinto, de 20 anos. Caio é uma pessoa tímida, mas um verdadeiro artista do desenho realista. Suas obras em exposição na Casa da Cultura “Maestro Aristeu Custódio Moreira” compravam isso: quem olha para suas obras fica em dúvida sobre se o que está observando é uma fotografia ou um desenho. Além do talento descomunal, Caio possui algo que o torna realmente mais especial que os outros alunos: ele é portador de uma deficiência motora que vem desde o seu nascimento. No entanto isso não o impede de desenvolver sua paixão: “desenhar é meu hobbie, mas pretendo elevá-lo ao profissional, nesta semana comecei a cursar Arquitetura na UniToledo em Araçatuba e estou muito empolgado com o curso” conta Caio.
Olhando para algumas obras expostas, Caio contou um pouco mais de sua vida e aspectos do desenho realista: “comecei a desenhar com nove anos de idade, mas nada muito técnico, observava algo, alguém e me empolgava ao desenhar, alguns anos depois entrei no curso de desenho que a Prefeitura oferecia na EMEI Sítio do Pica Pau Amarelo, mas parei, voltei há dois anos e desde então compreendi que esse é o meu
verdadeiro dom e pretendo expandir mais meu conhecimento. A maior dificuldade da técnica do desenho, eu acredito que seja mesmo os tons escuros, chegar ao preto absoluto que nós falamos” conta. “Eu levo de 16 a 20 horas para concluir um desenho, em média faço um a cada três semanas, mas é porque estou meio preguiçoso ultimamente” diz Caio em meio a risos. Caio também fala sobre a inspiração e de artistas que o influenciam no desenho realista: “vejo algo legal, interessante e sinto a vontade de colocar isso no papel, de retratar no grafite aquela realidade e mostrar uma nova perspectiva de uma imagem que parece comum no nosso dia, mas que quando está no desenho realista acaba impressionando. Artistas como os brasileiros Charles Lavesso, Nelson Nevis e o escocês Paul Cadden me cativam e são exemplos para mim, eles fazem desenhos hiper-realistas e realmente causam impacto e se tornam parte da minha inspiração”.
Ao final da entrevista, Caio deixa uma mensagem e uma reflexão: “se eu comparar os meus desenhos antes e depois do curso, a evolução é nítida. O desenho é esforço, você tem que se esforçar muito, tem que ser perseverante, acreditar no seu potencial e desenvolver, trabalhar em cima disso, senão não consegue os resultados. É como qualquer coisa que você faz na vida, tem que fazer bem feito, certo?”.
Para o professor do curso de desenho realista, Anderson David da Silva de 24 anos, acima de um artista está um exemplo de vida: “o Caio nos mostra que quando acreditamos em algo, temos que lutar, que nós podemos conseguir fazer tudo o que nós queremos, basta a gente querer, se esforçar e acreditar. As pessoas veem os desenhos aqui e acham que são impossíveis de se fazer, mas com paciência, trabalho e esforço qualquer um pode fazer isso, temos obras aqui que são feitas por pessoas com mais de 60 anos de idade, que não sabiam nada mas aprenderam. O que o Caio faz é realmente impressionante, e com certeza gostaria sim de receber mais alunos portadores de necessidades especiais” ressalta o professor. Anderson ministra as aulas de desenho realista todas as tardes, das 13h às 17h e atualmente conta com quatro turmas, com dez alunos cada. O curso é aberto a toda população a partir dos 12 anos de idade.
Aluno Caio Vinicius e o professor do curso de desenho realista, Anderson David da Silva
